Sugestão de Leituras

No último bimestre de 2012, trabalhamos O triste fim de Policarpo Quaresma(Lima Barreto) no 8º ano e O Cortiço,  no 9º ano, quando foram feitos alguns trabalhos e pesquisas a partir da leitura das referidas obras, uma coisa foi certa, muitos alunos buscaram outras obras para ler, a exemplo da aluna Yana (8º B) que leu diversas por livre e espontânea vontade, era esse o principal objetivo, despertar o interesse pela leitura. Valeu turma!



O seu cargo é o de coordenador de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento.
A função, com seria de se esperar, está dentro do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Que visões de futuro passarão na mente do condutor das políticas e programas de pesquisas científicas do ministério que cuida da ciência e da tecnologia de um dos países mais promissores do mundo?
Deve ser inebriante conversar com uma pessoa que pensa em todas as tendências tecnológicas mundiais, e nos rumos mais promissores e mais socialmente urgentes das pesquisas científicas, sem contar aquelas áreas em que se deve deixar a ciência ser ciência, sem utilitarismos, indo atrás daquilo que desafia a curiosidade humana em seu sentido mais nobre.
Bem, deveria. Infelizmente, aqui no Brasil, a visão de futuro daqueles de quem mais se espera, assemelham-se mais a faróis que tenham sido instalados na traseira de um carro.
O discurso desanimador pode ser resumido em uma única frase: "O futuro do País é explorar o potencial da nossa biodiversidade."
O personagem que pensa o futuro da nossa ciência, da nossa tecnologia e, por decorrência, do nosso desenvolvimento e bem-estar enquanto sociedade, acredita que devemos nos limitar a sermos agricultores, no máximo coletores de frutos e raízes de uma floresta que calhou de estar por aqui.
Por paradoxal que possa parecer, não incluo em minha crítica o personagem que falou a fala tão desastrada. Carlos Nobre merece o sobrenome enquanto cientista e homem público que se tornou, de resto talvez o mais bem talhado candidato atualmente disponível para ocupar o Ministério do Meio Ambiente.
Colocá-lo tão fora de sua especialidade mostra a incapacidade - ou, eventualmente, a má-fé - daqueles que dirigem o país e que deveriam procurar fazer com que cada área rendesse os melhores frutos, de forma que, após o entendimento entre os diversos grupos, no processo natural que marca a discussão política, o país tivesse os maiores benefícios.
Mas o que esperar de um governo que nada faz para combater uma situação cambial que está destruindo a indústria brasileira, pelo simples temor de alguém dizer que o Brasil não é assim tão bonzinho ou de levar nota baixa de agências de risco que já mostraram mais de uma vez a complicada rede de interesses de que fazem parte?
Este governo provavelmente nada teria a dizer sobre desenvolvimento de software e de hardware, satélites artificiais, robótica, nanotecnologia, novos materiais, computação quântica, fotônica, spintrônica. É melhor se calar sobre aquilo que se pretende destruir. Ou sobre o que nada se sabe.
Quer o governo que nossa missão seja nos mantermos como um país agrário. Com todo o respeito ao setor agroindustrial e a todos os necessários cuidados com o meio ambiente que esse setor nunca teve. Trata-se sim, de incentivar a agricultura e, com os devidos cuidados, fomentar uma indústria de biocombustíveis, mas que seja um setor especializado na área de energia, e não de um subproduto do açúcar.
Nada a dizer contra esta ou aquela área porque, ao contrário do que o governo parece pensar, incentivar uma área não exige que se destrua outras.
O que se trata é de criar no Brasil um setor industrial, já que aquele que chegamos a ter até o fim do século passado, esse já está desenganado por uma política cambial maléfica e pela falta de instituições que incentivem a inovação tecnológica - cuja responsabilidade é das empresas, o que só aumenta os elogios às poucas inovações que vemos surgir nas universidades brasileiras.
Mas quais empresas? Empresas brasileiras que fabricam o que? Automóveis, computadores, chips, fibras sintéticas, satélites artificiais, equipamentos de telecomunicações, robôs?
Ou, já que queremos nos especializar em biodiversidade, seria o caso das empresas nacionais de fármacos, de novas moléculas, de materiais biomiméticos?
Difícil inventar o que ainda não existe em setores que também não existem.
E para as empresas nacionais que ainda restam, cuja participação no PIB cai ano a ano, será que não sabemos criar mecanismos para incentivar essas empresas a se tornarem inovadoras? É claro que sabemos. A Embrapa é um exemplo mundial de estrutura aberta e flexível, que tem produzido as maiores inovações da área. A Fiocruz não fica atrás, na área de saúde, apesar dos recursos aviltantes.
E por que não reproduzimos a experiência em outras áreas? Porque não queremos. Porque o Brasil como uma potência agrária, fornecedor de alimentos e insumos agrícolas e minerais é tudo o que o núcleo central da economia mundial necessita. Já temos Coreia, Índia, China e outros países que emergiram, não precisamos de mais, começa a ficar problemático demais dividir o mercado quando os jogadores são muitos.
Fomos tolerados enquanto tínhamos um presidente pitoresco, que ficava bem na fotografia com aqueles que querem fazer o discurso politicamente correto de posar ao lado de um operário que "deu certo".
Agora não temos nem isso, então só resta a verdade desnuda. O mundo precisa de um celeiro, e o Brasil aceitou passivamente a condição, sem ter forças de argumentar que temos condições de ser mais do que uma coisa única, que podemos plantar, criar e coletar sem precisarmos nos condenar a uma economia pobre e ultrapassada.
Não é o nosso futuro que está na exploração da biodiversidade, é o nosso passado.
Ciclo do pau-brasil, ciclo da borracha, ciclo da cana-de-açúcar, ciclo do cacau, ciclo do café, agora novo ciclo da cana-de-açúcar, que produz algum etanol quando os preços valem a pena - todos são ciclos de exploração da nossa biodiversidade.
Só escapa o ciclo do ouro porque ele não leva o "bio" no nome, mas é extrativista, já devidamente substituído pelo atual ciclo do minério de ferro, do alumínio, do nióbio e das rochas ornamentais (sim, o "mármore de carrara" do século XXI é brasileiro).
Devemos acabar com essas explorações tão biodiversas e tão mínero-diversas? Certamente que não, mas não se trata disso, trata-se daquilo que nos negamos o direito de construir: uma economia moderna, fundada em uma educação digna do nome, em mecanismos institucionais e legais que criem um ambiente de inovação e de desenvolvimento.
Por que não fazemos isso? Se eu ainda tivesse a ingenuidade de esperar alguma sinceridade na resposta, diria que essa pergunta poderia ser dirigida àqueles que nos guiam para o passado.
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=brasil-desistiu-de-ser-pais-desenvolvido&id=020175110721

Meio ambiente

Matemática melhora reciclagem do alumínio

Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/09/2011
Matemática melhora reciclagem do alumínio
Na extrusão, um bloco sólido de alumínio é prensado por uma gigantesca prensa contra um molde de aço que contém os furos no formato exato da peça desejada.[Imagem: Wuxi Yuanchang]
O alumínio é o metal mais reciclado no mundo.
Mas, como acontece no mercado de automóveis, "alumínio usado" não é a mesma coisa que "alumínio zero km".
Liga indesejável
A reciclagem de alumínio consome apenas 5% da energia utilizada na produção do alumínio novo.
No entanto, cada vez que o alumínio é reciclado, vários elementos, como ferro, silício e zinco, bem como elementos-traço, como sódio e chumbo, juntam-se ao metal, produzindo uma espécie de "liga indesejável".
Até agora isso tem colocado limitações claras aos usos do alumínio reciclado, devido às alterações nas propriedades do metal reciclado em comparação com o metal novo.
A indústria vem dando um "jeitinho" diluindo o alumínio reciclado no alumínio novo, de forma a diminuir a concentração dos elementos indesejáveis até que eles atinjam níveis aceitáveis.
Solução nobre
Mas Yanjun Li e seus colegas do Instituto Sintef, na Noruega, acreditam que uma solução bem mais nobre pode ser obtida com a ajuda da matemática.
O alumínio reciclado hoje acaba sendo direcionado para a fundição. Mas os produtos mais nobres são feitos por laminação ou extrusão, que exigem um material mais puro e com propriedades homogêneas.
Na extrusão, por exemplo, um bloco sólido de alumínio é prensado por uma gigantesca prensa contra um molde de aço que contém os furos no formato exato da peça desejada - o alumínio deve fluir perfeitamente para não gerar peças defeituosas.
"As impurezas que se acumulam no alumínio pelos repetidos ciclos de reciclagem afetam as propriedades mecânicas do material reciclado. No entanto, mudando a composição da liga, as condições de temperatura e a velocidade do processo de homogeneização - o estágio inicial em um processo de têmpera realizado antes da laminação e da extrusão - é possível compensar isso," diz Yanjun.
Nobreza matemática
Se parece fácil, não é. Tentar encontrar a receita correta com tantos ingredientes a serem variados é praticamente impossível na base da tentativa e erro.
É aí que entra a matemática. Os cientistas estão desenvolvendo modelos matemáticos e testando-os em experimentos de laboratório. "Os resultados iniciais são animadores," diz Yanjun.
O objetivo final é desenvolver três modelos diferentes, que vão mostrar como a microestrutura do alumínio reciclado é afetada por várias modificações na homogeneização durante os processos de extrusão e laminação.
Modelo de reciclagem
"Nós demonstramos que a ponto de escoamento das ligas pode ser aumentado em 50% modificando-se o processo de homogeneização. Em linguagem simples, isto significa que o material poderá ser dobrado muito mais antes de quebrar," afirma o pesquisador.
Segundo ele, o uso dos modelos matemáticos permitirá o uso do alumínio reciclado em virtualmente qualquer aplicação.
O que é uma boa notícia, uma vez que o aumento da reciclagem do alumínio está produzindo mais matéria-prima do que o setor de fundição consegue absorver.



 

PRODUÇÃO DE PROGRAMAS DE RÁDIO ESCOLAR

Aspectos Relevantes para o processo de produção de um programa de Rádio Escolar
A Rádio Escolar é um excelente instrumento para promoção do protagonismo infanto juvenil, contribui para enriquecimento curricular em práticas pedagógicas e é um instrumento democrático de comunicação.
A Rádio Escolar é um espaço onde crianças, adolescentes e adultos tem a oportunidade de mostrar o seu talento, expressar suas idéias, interagir com seu publico e participar do processo de difusão de informações e conhecimentos na comunidade escolar. Além disso é um ambiente de aprendizado onde seus participantes tem a oportunidade de vivenciar experiências de pesquisa, produção escrita, trabalho em equipe contribui para formação cultural, o domínio da comunicação oral e potencializa a autonomia individual. 
A Rádio Escolar é um núcleo de produção coletiva e portanto uminstrumento democrático de comunicação. Sendo assim, deverá atender as necessidades locais da comunidade escolar e preferencialmente estar articulado com Projeto Político Pedagógico da escola.
O trabalho em equipe, o planejamento e a organização do conteúdo, a pesquisa de opinião, a construção coletiva de um código de conduta ética, a avaliação coletiva permanente, a formação e o domínio de conhecimentos tecnológicos e de linguagem radiofônica e a articulação pedagógica e com as esferas escolares (professores,alunos,membros da comunidade) são elementos importantes para o desenvolvimento de uma Rádio Escolar.

Este canal de comunicação segue com estrutura muito parecida de rádio convencional. A linguagem, a infra-estrutura técnica, a organização dos trabalhos, são adaptados ao ambiente e a realidade escolar. Por isso, devem ser observadas aspectos importantes como por exemplo a impossibilidade de troca de estação. Neste caso específico, o programa deverá ser produzido atendendo a aspectos de pluralidade cultural, formato do programa observando o tempo de duração, o caráter educativo, o entretenimento saudável e o publico
alvo. Isto não quer dizer que os programas devam ser todos iguais,seguindo um padrão comum e com um gênero pré – estabelecido. A proposta é criar uma grade programação rica em diversidade porém adequada ao ouvinte.

PRODUÇÃO DE PROGRAMAS DE RÁDIO

A produção de um Programa de Rádio Escolar é um processo que requer participação, colaboração, organização e pesquisa de todos os envolvidos nas equipes. Da concepção do programa, passando pela produção até a apresentação é preciso cumprir várias etapas:

1. REUNIÃO DE PAUTA
2. PESQUISA E EDIÇÃO DO CONTEÚDO COLHIDO
3. DIVISÃO DE TAREFAS
4. APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA

A escola poderá organizar uma GRADE DE PROGRAMAÇÃO apresentado a comunidade escolar os horários de apresentação das equipes e o(s) dia(s) de apresentações isto quando o programa for ao ar nos intervalos. Para programas produzidos para Internet, ou seja, para serem baixados em sites PODCAST o ouvinte tem flexibilidade para escolher o horário e o programa que deseja ouvir. A duração do programas é invariável, depende do objetivo do programa.

As equipes podem optar por um ou mais GÊNEROS de programa que possam dar uma identidade ao programa. Os GÊNEROS de programa mais comuns são:

• JORNALÍSTICOS
• MUSICAL
• HUMORISTICO
• RADIONOVELA
• DE VARIEDADES
• DE ENTREVISTA
• MUSICAL / INFORMATIVO
Os programas de Rádio Escolar produzidos para o intervalo contribuem proporcionando informação e entretenimento. Neste sentido, para que o conteúdo do programa cative a audiência dos alunos, principalmente durante os intervalos, é preciso balancear a o tempo destinado a LOCUÇÃO e as inserções musicais. 
Uma sugestão é utilizar 1/3 do tempo de duração do programa com informes, abertura, entrevistas, dicas culturais e de lazer e despedida. Através da LAUDA de apresentação é possível otimizar o tempo. O que se pretende com este espaço de tempo é objetividade na divulgação de informações até porque se o programa ficar carregado de muitas informações, os alunos não vão querer escutar e além disso intervalo perderá o sentido de descontração. Através das música é possível criar um ambiente de descontração e ao mesmo tempo informar a ouvinte enquanto cumpri seu papel de pretação de serviço.
Como a programação musical irá tomar um tempo maior dentro do programa é preciso estar atendo ao gosto de todos. Portanto, o ideal é mesclar gêneros musicais para atender a todos os gosto
musicais.
Abaixo sugestão de tempo para cada fase do programa:

ABERTURA 0:30 segundos
MUSICA 3:00 minutos
BREAK INFORMATIVO 1:00 minuto
ENTREVISTA 1:00 minuto
ENCERRAMENTO 0:30 segundos
EQUIPE

Desenvolver atividades de produções radiofônicas é trabalho de equipe. Cada componente deverá realizar uma atividade especifica. A equipe de rádio é formada por locutores, operador de som ou sonoplasta, repórteres e produtor.

Texto dissertativo

Estrutura do Texto Dissertativo

Em uma dissertação, deve-se defender uma tese, ou seja, organizar dados, fatos, ideias*, enfim, argumentos em torno de um ponto de vista definido sobre o assunto em questão. Uma dissertação deve, na medida do possível, concluir algo. Portanto, não tem cabimento ficar simplesmente elencando argumentos favoráveis ou contrários a determinada ideia*.

Comissão de Vestibular da Unicamp

Há várias maneiras de organizar o texto dissertativo para que esse resultado seja atingido. Mas desde a Antiguidade* uma forma de estruturação vem se impondo: a que se convencionou chamar de estrutura ortodoxa da dissertação. Trata-se da organização do texto em três partes bem definidas, cada uma delas desempenhando um papel específico: introdução, desenvolvimento e conclusão.

            Espera-se que uma dissertação comece com uma introdução em que se apresente o tema posto em debate, já procurando conseguir adesão do interlocutor à posição do enunciador; prossiga com o desenvolvimento em que as concepções sugeridas na introdução sejam expandidas e comentadas; encerre-se com uma conclusão em que as informações apresentadas no desenvolvimento sejam reunidas em torno da tese prenunciada na introdução.

           
Introdução

            A introdução, como o próprio nome sugere, tem como finalidade conduzir o leitor para dentro do texto, situá-lo, apresentando-lhe as intenções daquela dissertação. Para isso, espera-se que uma introdução tenha pelo menos dois elementos:
ü  a explicitação do tema – o que significa dizer que, ao ler a introdução, o interlocutor deve inteirar-se do assunto que será abordado no texto;
ü  a especificação da visão de mundo do enunciador ou pelo menos uma pista de qual será sua posição, isto é, a tese a ser defendida.

O leitor deve ser capaz de, a partir da introdução, deduzir qual é o tema do texto (estar por dentro dele) e qual é a opinião do enunciador sobre a questão posta em debate. Por isso, a introdução, quando bem construída, produz uma expectativa: permite imaginar, de antemão, qual será o percurso argumentativo do texto, pois expõe o tema e dá pistas da visão de mundo com que o enunciador se identifica.

Como exemplo, vejamos a introdução de dois textos dissertativos sobre um mesmo tema (“redução da maioridade penal”), porém divergentes em relação à posição ocupada pelos seus autores.

O ponto de vista de uma advogada e uma antropóloga:
            “(...) Abre-se o debate sobre uma mudança legislativa como solução mágica e suficiente para transformar práticas institucionais que há muito não se alteram.
            Definitivamente, não será um tratamento mais rigoroso aos menores de 18 anos (mais do que o já existente e instituído) que trará aos brasileiros a paz e segurança tão almejadas. A simples mudança de lei se apresenta como solução (...), mas pouco se traduz em garantias de que um novo crime trágico (...), não ocorrerá novamente”.

O ponto de vista de um professor de Direito:
“A sociedade espera e merece a atuação conjunta dos poderes constituídos para imediata realização das necessárias alterações na legislação sobre delinqüência juvenil. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma das leis mais avançadas na proteção da infância e da juventude, bem como na preservação do bem-estar da família, mas o fenômeno da criminalidade é mutável, e a aplicação prática de toda lei exige aperfeiçoamento e adaptações”.

Tais introduções explicitam o tema posto em discussão (o aumento do rigor das leis como meio de se solucionar a criminalidade) e oferece indícios para identificarmos as posições dos enunciadores.

Uma boa introdução, dentro da estrutura ortodoxa, pode ser assim: precisa, sintética e clara. Convém ressaltar, entretanto, que a tese deve ser sempre defensável. Antes de propô-la, é importante pensar nos argumentos que se têm para defendê-la. Uma introdução que não seja sustentada por argumentos convincentes não serve para nada. É péssimo criar, na introdução do texto, a expectativa de que uma visão de mundo será transmitida com propriedade e, no desenvolvimento e na conclusão, essa expectativa não se confirmar.

O que uma introdução deve esconder?

A introdução deve esconder pelo menos algum argumento significativo, garantindo que o leitor, à medida que prossegue na leitura, perceba um acréscimo na carga de informação transmitida. Se todas as ideias* importantes forem apresentadas na introdução, o texto tenderá à redundância, traindo a expectativa do leitor. Assim como um filme deve revelar algo de surpreendente, evitando criar a impressão de que tudo era previsível, o texto precisa surpreender o leitor, oferecendo-lhe informações novas.


Desenvolvimento

Depois da introdução, a tarefa do enunciador é fundamentar as afirmações iniciais, procurando persuadir os interlocutores de que a tese apresentada realmente merece crédito. Essa parte do texto dissertativo – a maior em extensão – é chamada de desenvolvimento.

As diversas teses que circulam na sociedade a respeito de um mesmo problema têm origem em conceitos formados a partir de dados da experiência e do repertório cultural dos indivíduos e grupos sociais, em sua relação com os valores morais. Existe polêmica em alguns campos do conhecimento justamente porque as vivências e os princípios éticos que sustentam visões de mundo e julgamentos variam de pessoa para pessoa, de acordo com os grupos sociais a que pertençam e com seus interesses.
No desenvolvimento o enunciador compartilha com seus leitores dados de seu repertório de conhecimentos, sempre procurando articulá-los à tese. É isso que é comentar: pensar junto com o outro, sintonizando as mentes em torno de um conjunto de dados e de princípios, para enriquecer o universo cultural do leitor e conduzi-lo a compartilhar uma determinada tese.

Como o próprio nome sugere, no desenvolvimento a dissertação se desenvolve, “cresce”, amplia seu foco, abarcando aquelas dimensões da experiência humana que possam ser relevantes para a sustentação da tese. Quanto maior o repertório cultural do enunciador, maior sua capacidade de comentar, explorando com mais profundidade, pertinência e originalidade, os diversos pormenores implicados em uma questão.

O comentário, então, tem efeito argumentativo, já que é uma estratégia para convencer o interlocutor da consistência de uma tese. É por isso que alguns chamam o desenvolvimento de argumentação. Na verdade, isso é uma imprecisão, pois o texto dissertativo inteiro é argumentativo: é importante não esquecer que a introdução e a conclusão também têm características argumentativas, pois estão orientadas para a persuasão do leitor.
Vejamos o seguinte texto (Editorial da Folha de S. Paulo, 01/10/2003, p. A-2):

Introdução
“Horrível, horrível, horrível”, foram as palavras escolhidas pela relatora especial da ONU Asma Jahangir para qualificar as condições de duas unidades da Febem Paulisa (...)a expressão traduz bem as dificuldades que cercam a luta pelos direitos humanos no Brasil. Seria injusto afirmar que não houve progresso ao longo dos anos, mas eles foram tão lentos, e o descalabro da situação é tamanho, que há pouco a comemorar.


Desenvolvimento
A vista de Jahangir, que ocupa o posto de relatora especial das Nações Unidas para Execuções Arbitrárias, Sumárias e Extrajudiciais, é um desses raros fatos positivos. Ela está no Brasil a pedido do governo federal e deverá apresentar relatório à Comissão de Direitos Humanos da ONU.
Os mais cínicos poderão se perguntar por que o governo traz um estrangeiro que inevitavelmente fará críticas ao país num foro internacional. É justamente sob essa aparente incoerência que se encerra algo alentador no campo dos direitos humanos: o poder central ao menos sinaliza que está disposto a tocar na questão das torturas e ações de extermínio com a participação de policiais.
Infelizmente, tal disposição parece mais reduzida em esferas estaduais. Asma Jahangir, que goza da mais sólida reputação internacional, tentou, mas não conseguiu, ser recebida pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Pior, ela teve seu pedido para visitar a UAI (Unidade de Atendimento Inicial) do complexo da Febem no Brás inicialmente negado.


Nesse desenvolvimento o articulista nos leva a pensar. Ele articula sua tese a um fato jornalístico recente na época, a visita da relatora especial da ONU a duas unidades da Febem de São Paulo.

Nos dois parágrafos iniciais, ele nos faz ver que, segundo a sua perspectiva, a visita já representa algum avanço na luta pelos direitos humanos, pois revela a disposição do governo federal de enfrentar a questão. Ao mesmo tempo, entretanto, o contundente julgamento da inspetora revela o quão longe estamos do aceitável.

No terceiro parágrafo do desenvolvimento, o articulista comenta o desinteresse do governo estadual pelo problema: Asma Jahangir sequer foi recebida pelo governador e ainda teve seu trabalho de inspeção dificultado.

Isso tudo reforça a tese: os avanços na garantia dos direitos humanos são tímidos; as resistências, poderosas. No mais, predomina o horror.

Em resumo, o desenvolvimento é o estágio da dissertação em que o enunciador faz seus comentários para confirmar as ideias* na introdução, buscando, com isso, conferir mais credibilidade à sua visão de mundo.


Conclusão

O encerramento da dissertação se dá com a conclusão. De maneira simplificada, podemos dizer que uma boa conclusão é aquela que confirma a tese prenunciada na introdução e comentada no desenvolvimento, isto é, que realmente decorre do raciocínio apresentado. Em outras palavras: ela não nasce do nada, mas sim de tudo aquilo que se afirmou na introdução e no desenvolvimento.
Numa conclusão, portanto, não é comum acrescentar informações novas sobre o tema em questão. Embora isso não seja “proibido”, se a conclusão é uma amarração do restante do texto que a origina, não há motivos para veicular novas ideias. Observe como se encerra o editorial que analisamos:


CONCLUSÃO

Eliminar a chaga da tortura e da violência policial não é tarefa simples. Ela torna-se ainda mais difícil quando altas vozes de comando da polícia paulista parecem preferir a linguagem da força e do confronto e tratar o respeito aos direitos como humanos um empecilho, e não como uma norma inegociável.


Na conclusão, a tese é reiterada: os direitos humanos no Brasil não são vistos como norma inegociável por boa parte dos órgãos do Estado mais diretamente implicados no assunto. Para essas instituições, eles ainda são um estorvo, o que dificulta qualquer alteração no indigno quadro atual.
                                                                                                     Oficina: Desenvolvendo a habilidade de produzir bons textos
                                                                                                  Profª.: Carla Queiroz Pereira – Mestre em Linguística/Unicamp